Aula inaugural aconteceu durante a III Semana do Migrante e reuniu pessoas de diferentes nacionalidades em um momento simbólico de acolhimento e recomeço.
Uma sala de aula cheia de alunos de diferentes nacionalidades dentro da indústria. Foi em uma das manhãs mais geladas do ano que a Fiasul abriu as portas da sua nova escola de português. O frio do lado de fora foi substituído por café quente, um ambiente acolhedor e uma aula animada, cheia de significado. Ao som de MPB, os alunos de diferentes países arriscaram as primeiras palavras em português. O sotaque carregado revelava a coragem de quem atravessou fronteiras em busca de uma vida melhor — e encontrou em Toledo um novo começo, e na Fiasul o lugar certo para recomeçar.
A aula inaugural marcou a abertura oficial da escola, realizada no dia 25 de junho, como parte da III Semana do Migrante, coordenada pela Embaixada Solidária. A organização é parceira da Fiasul há mais de uma década e atua na articulação de oportunidades e acolhimento para migrantes e refugiados na região.
A escola foi criada com recursos próprios da empresa e funcionará dentro do parque industrial da Fiasul, oferecendo aulas regulares e gratuitas tanto para os colaboradores migrantes quanto para a comunidade externa. A proposta é garantir que mais pessoas tenham acesso ao idioma e, com isso, conquistem autonomia e integração.
As aulas são ministradas por Pierre Erick Bruny, professor, advogado haitiano e diretor jurídico da Embaixada Solidária. Com experiência prática e humana na causa migratória, ele explica que aprender português é um dos primeiros passos para reconstruir a vida:
“A língua é o que permite que alguém entenda seus direitos, fale com os filhos na escola, vá ao médico, busque emprego com mais segurança. O idioma dá voz. Dá vida.”
Segundo dados atualizados do governo federal, o Brasil abriga atualmente mais de 1,5 milhão de migrantes e refugiados, provenientes de diferentes partes do mundo, como Haiti, Venezuela, Síria, Bolívia, Senegal e Congo. Apenas o estado do Paraná concentra dezenas de milhares de pessoas migrantes, muitas delas em busca de trabalho, segurança e novas oportunidades. Essa população é diversa, jovem, qualificada e cheia de histórias de superação — e representa uma enorme contribuição para a economia, para o setor produtivo e para a diversidade cultural do país.
Desde os seus primórdios, o Brasil se formou a partir da migração. Povos indígenas, africanos, europeus e asiáticos moldaram sua identidade, sua cultura, sua força de trabalho e sua criatividade. Reconhecer o papel dos migrantes não é apenas uma questão de justiça histórica — é uma forma de construir um futuro mais inclusivo, próspero e humano. Iniciativas como a da Fiasul não só acolhem quem chega, mas ajudam o Brasil a se reencontrar com sua vocação original: ser uma terra de recomeços.
A escola de português integra o Projeto Um Lugar para Recomeçar, iniciativa da Fiasul que reúne ações voltadas ao acolhimento e à integração de pessoas migrantes no ambiente de trabalho e na vida comunitária. O projeto contempla não apenas o ensino do idioma, mas também oportunidades de emprego formal, acompanhamento no processo de adaptação, escuta ativa e articulação com parceiros sociais como a Embaixada Solidária. A proposta é criar um ambiente seguro, digno e respeitoso, onde cada pessoa que chega tenha, de fato, um lugar para recomeçar.
Uma história que se conecta com a causa
À frente da Fiasul está Rainer Zielasko, CEO da empresa e filho de alemães que foram acolhidos no Brasil após a Segunda Guerra Mundial. Sua trajetória familiar tem forte ligação com os princípios que orientam a atuação da indústria hoje.
“Meus pais chegaram ao Brasil buscando recomeço. Foram acolhidos aqui. Eles trabalharam duro e construíram uma nova história. Quando acolhemos migrantes hoje, estamos apenas devolvendo ao mundo aquilo que um dia recebemos. Isso está no coração da Fiasul”, afirma Rainer.
O compromisso com a inclusão não é recente. A Fiasul já foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho, por agências da ONU, como a OIM (Organização Internacional para as Migrações), e pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) com o Prêmio ODS, que destaca empresas que contribuem ativamente para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A escola de português surge como um novo passo dentro dessa caminhada consistente, construída com ações concretas e diárias.
Quando ensinar é também acolher - Para Karen Regina Brinker, Gerente de Gestão de Pessoas da Fiasul, a iniciativa surgiu da observação real das necessidades dos trabalhadores migrantes. A comunicação, ou a falta dela, é um dos maiores obstáculos enfrentados por quem está recomeçando longe de casa.
“O idioma é o primeiro passo para a inclusão. E quando essa pessoa consegue se comunicar, ela também começa a pertencer. Oferecer esse curso com nossos próprios recursos é um gesto de respeito e de responsabilidade com quem constrói essa empresa junto com a gente.”
A relação da Fiasul com seus colaboradores migrantes é marcada pela escuta e pelo vínculo direto. A empresa conhece as histórias de quem chega. A parceria com a Embaixada Solidária fortalece esse processo, conectando o setor produtivo com o trabalho social de base comunitária.
A aula inaugural não foi só uma atividade pedagógica. Foi um gesto de acolhimento em forma de palavras. Em meio ao frio daquela manhã, os alunos encontraram café, música e esperança. A Fiasul entregou mais do que uma aula: ofereceu pertencimento.
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